quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Pensamentos vagos,um bar e muitas dores.


Pensamentos vagos,um bar e muitas dores.

Parecia que aquela noite infernal não acabaria nunca.Tomei o último gole de uma bebida vagabunda,qualquer,e me dirigi até a porta.Aquele som de risadas,misturado àquela música estava me enlouquecendo.E a cada passo que eu dava,era como se o som todo sumisse e eu só fosse capaz de ouvir o som da voz dele.Era como se as palavras ditas por ele ecoassem mais e mais alto em minha cabeça.
Só queria ir embora,não mais me lembrar o que ele me disse.Só desejava que aquela maldita bebida fosse capaz de me anestesiar,me afastar do sofrimento.Dói repetir as palavras,dói saber que não vou mais vê-lo.E quanto mais desejei esquecer,mais me lembrava.
Olhando o céu parecia que a noite seria ainda mais dolorosa.As estrelas me lembravam o brilho dos olhos dele,e a Lua ali tão próxima de mim,eu só desejava tê-lo em meus braços naquele momento.
Decidi caminhar.Qualquer caminho que fosse,não me importa.E quanto mais rápido eu caminhava,como quem tenta passar pelas lembranças sem que elas se lembrem de mim,mais forte era a dor.
Não tinha que ser assim.Era esse pensamento que me consumia a todo o tempo.Não precisava ser assim,tão doloroso.A chuva caindo,sobre meu ombro como que me consolando e tentando afastar minhas dores de mim.Sigo.E enquanto percorro o caminho de casa,eu tento prender minha atenção em qualquer coisa que seja,tentando apagar nossa discussão da cabeça.Reparo no desenho da calçada,formam ondas preto e branco.Finalmente estou em casa.
Piano.Uma garrafa do melhor vinho.Uma taça.Som.Uma nota que desafinou.Minha vida poderia ser resumida em uma melodia,sendo tocada por um iniciante.Cheio de notas desafinadas,carregadas.De dor.
E assim,permaneci.Ouvindo uma música qualquer,se me lembro bem era 'Love Hurts' do Incubus,deitada no meu sofá preferido.E enquanto me abstraía da música,e da chuva lá fora,mentalmente fui revivendo cada momento da discussão,palavra por palavra.Doloroso.
Adormeci,vencida pelo cansaço de lutar contra minha dor.Cansada de evitar que as lágrimas percorressem meu rosto.Amanheceu.E a esperança de que tudo se resolvesse tomou conta de mim.O dia não queria passar.Parece que o tempo brigou comigo.
O telefone tocou.Meu coração foi de zero a cem em um segundo,batia tão acelerado que quase me esqueço de respirar.Senti um frio na barriga,e não sabia o que pensar.Aquele som fez com que me contraísse em dor,e a mesmo tempo suasse frio,na ansiedade de saber o que ele tinha a me dizer.
E tudo o que ouvi foram só palavras amargas.Palavras que,a medida que eram proferidas por ele,causavam uma dor maior à que eu estava sentindo.Ouvi cada palavra em siLêncio.Era o fim.
Nem ao menos chorei quando desliguei o telefone.Ainda não conseguia acreditar em tudo o que tinha ouvido.Precisava sair de casa.
Achei que seria a última vez que me sentaria naquele bar,sozinha com minhas dores,e afogaria minhas mágoas em um copo de bebida qualquer.Me enganei.
E é como se o céu despencasse sobre mim naquele momento.Eu só queria fugir,deixar tudo pra trás.E cada palavra em minha mente ecoava,era o fim.Adeus.Passos antes,silenciosos,pareciam quebrar o chão sob meus pés.E de novo,as únicas companhias que tenho são a chuva e a solidão.A chuva acompanhou,como que num movimento de solidariedade,cada lágrima que deixei novamente,percorrer meu rosto.
Vazio.Frio.Dor.É assim que meu coração ficou depois que ele me deixou só,com apenas lembranças amargas.Pedra.Depois do que ele me disse foi em pedra que meu coração se transformou.E a história sempre se repete.
Deixei que a vida passasse por mim,sem fazer nada para que ela notasse minha existência.Era bom ser invisível.Assim,a dor era menor,e menor até que eu não mais a percebesse.Parece que o tempo enfim,anestesiou as minhas feridas,só restaram as cicatrizes.
O tempo passou rápido de tal forma,que nem me dei conta de onde eu tinha então,parado de viver.Já não me lembrava com tanta frequência tudo o que havia vivido com ele.As palavras dele já não ecoavam em minha cabeça.
Mas parece que no fim das contas,o tempo é só mais um cretino que,nos deixa 'curar' um pouco das feridas,pra depois reabrí-las e marca-las a ferro e fogo,com mais intensidade.Ele voltou pra minha vida.Voltou com suas lembranças e com todas as dores que ele me causou.
'A vida não é mais a mesma coisa.Nada dá certo.Sinto sua falta'.Tudo o que eu ouvi da boca dele,martelando em minha cabeça à ponto de me enlouquecer.Eu já não queria mais ele na minha vida.Eu também sentia falta dele,mas toda a dor que ele me causou foi muito maior do que os momentos bons que tive ao lado dele.
Lágrimas.Pensamentos vagos.Um bar.Muitas dores.Todas aquelas que amarguei no passado e,agora,novas dores.Só queria conseguir esquecê-lo,e continuar minha vida como se ele nunca tivesse existido.O vento trouxe pra mim todas as lembranças,trouxe aquilo que no fundo eu apenas escondi,ele trouxe tudo à tona.
E agora,eu repito os mesmos gestos.Sento-me na mesma cadeira de antes à beira do velho balcão do bar.Está lotado.Pessoas rindo e se divertindo,música alta,e em mim?Silêncio.Solidão.Só um último gole de uma bebida vagabunda,qualquer.

Nenhum Comentário

Postar um comentário