domingo, 21 de fevereiro de 2010

A Janela.

Era uma janela,eu e mais nada.Aquele som de sussurro do vento e aquela música que me fazia sentir a melancolia perpassar a pele,e doer os ossos.
Tudo me fazia acreditar que aquele era o momento,tinha de ser.
Encorajei-me então bebendo um gole de vinho barato,daqueles de dez reais que se compra em qualquer mercadinho,e dei a última tragada no cigarro que já estava com gosto de velho de tanto que guardei-o para aquele momento.
Eu andava de um lado para o outro com aquela taça de vinho na mão,vazia.Eu não tinha a coragem suficiente para ir até o fim com aquela idéia maluca que me vinha a cabeça,a cada momento que eu relembrava aquelas dores que me faziam revirar na cama,e perder o sono.
Eu precisava de algo mais forte para sair de mim,de uma vez por todas.Para deixar a pele corar,o sangue subir,e a coragem se mostrar.
Revirei aqueles malditos armários velhos,com cheiro de mofo,e vazios,procurando qualquer garrafa de bebida,com um pingo que fosse,para matar a sede da covardia que eu guardava no peito.Eu não podia ser covarde mais,não podia.
Então acabei encontrando uma velha garrafa de Whisky,que papai costumava beber quando era mais nova.
Virei a garrafa numa golada só,e até me faltou ar.Mas eu resisti até o fim,matei a garrafa e pronto,a coragem apareceu.
Eu a reconheci com o rosto rubro no espelho.Eu sabia que agora,era uma questão de tempo para que o álcool surtisse o efeito desejado,o efeito de me impulsionar,era o momento certo.
Então pensei,pensei até que decidi,eu tinha que fazer,pois ninguém mais o faria.
Me dirigi até a janela,com os olhos vidrados naquele porta-retratos onde tinha a nossa última foto.
Era a última lembrança que tinha de nós dois,era a última coisa que guardei.Era a última coisa que deveria ter guardado,mas guardei.
Então levantei o vidro daquela janela,e antes de tomar o impulso final,observei o céu e senti a brisa bater sobre meu rosto rubro da bebida.
Caiu.Primeiro um,depois dois,dez metros e pronto,se espatifou no chão.
A queda foi tão rápida que não senti dor alguma,nem antes,nem depois.
Sem dor,sem remorso,apenas o silêncio.
Caiu,e eu apenas ouvi o barulho do vidro se esfarelando no asfalto,e a foto ali.Eu precisava me livrar de toda e qualquer lembrança de você,antes que o que caísse pela janela,não fosse mais a nossa foto.

2 Comentários:

Crisknot disse...

\o/ è de parti o coração ... muito bem escrito ! poste muito legal, resumindo gosteiii muitoooooooooooooooooooooooooooooo!!!

Beiijo e até outro poste \o/

Limonadah SlemomX disse...

MEU perfeito teu post guria , to seguindo hein^^

E pra constar sou irma do doidinho acima, ele que me pasou o link daqui!

Bjus linda^^

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