terça-feira, 29 de setembro de 2009

Reflexões


Não gosto nada de todas essas hipocrisias sociais.De ser quem não sou,de gostar do que não gosto.De ter que engolir o que me faz ter vontade de cuspir.De agradar à todos e não agradar à mim.De ter que gostar de quem não suporto.
Gosto de quebrar todas essas regras.Fujo aos padrões de beleza,e já nem me importo.Não finjo ter um intelecto que não tenho,ser super cult e não ser coisa nenhuma.Nem gosto de fingir gostar de quem não gosto.Se não gosto,é não e ponto final.
Ser quem sou com todas as minhas dores,meus defeitos e minhas marcas.Me orgulho das marcas.Um dia elas doeram,foram feridas abertas e que me fizeram chorar,mas também me fizeram crescer e progredir.
Gosto de ser tempestade e ser o Sol,depende do ângulo com que teus olhos cor de mel me olham.Me sentir livre para ser quem sou,de verdade.Sem máscaras e disfarces,porque me sinto livre da obrigação de agradar a quem quer que seja.A única obrigação que tenho é de agradar a mim mesma,e se já não me agrado tanto assim,tenho o direito de mudar para ser como eu quiser.
Essas regras as quais todos se encaixam,nenhuma delas serve para mim.Não sou fã daquele estilo de música,ou desse,e isso me torna diferente de você,me torna única.
Sou assim,e gosto de ser assim.Não gosto de mesmisses ou blablablas,essas coisas não cabem em mim.Não gosto desse papo de estar na moda,eu faço a minha própria moda,e não me importo com ninguém.
Não finjo ser,eu sou.E estou mais preocupada em SER do que em TER.Porque hoje ninguém mais se preocupa naquilo que se torna,só se preocupa naquilo que ainda não tem para si.Estou farta da sindrome do ter,estou farta do vazio,estou farta de regras que não se enquadram à nada e nem à ninguém.E estou farta de todos os robôs que estamos nos tornando para tentar ser o que querem que sejamos.

domingo, 27 de setembro de 2009

Veneno


As palavras já não tem efeito algum sobre mim.Tanto faz afinal,saber como você está ou com quem está saindo,porque suas palavras já me cortaram tanto,que elas já não fazem doer mais do que já doeu.Agora são seus atos,aqueles impensados,que fazem sangrar.
Parece que nada cura.Nem o tempo,esse maldito que só passa,e só arrasta minha dor,me leva pro fundo do poço.
Achei que dizer à você o quanto eu estava feliz comigo mesma faria com que eu me sentisse melhor,com que ao menos a dor cessasse,me enganei.Parece que cada vez que tento agir para amenizar tudo isso,eu cavo um buraco mais e mais profundo,onde só o que sinto é a terra à me sufocar.
Sufoco.Sufoco lágrimas,sufoco sentimento,e enterro a cada instante tudo de bom que houve um dia,em mim.Deixei cada momento ser apagado da memória.Na verdade fingi.Porque sei bem que por mais que eu tente,nada disso vai sair de minha cabeça,e eles martelam.
Cada vez que algo me faz lembrar você,os pensamentos vêm martelando à ponto de me enlouquecer,e me arrancar toda a sobriedade que me restou.
Um,dois,três goles de cerveja.Um cigarro,depois outro e mais outro,até que meus pulmões não suportem mais a fumaça que você deixou entrar em meus olhos,e me cegar.Nada para me tirar a sobriedade vai me fazer parar de sangrar,porque cada vez que volto à mim mesma,me sinto perdendo o chão.
Então,depois de algum tempo acredito que isso só vá piorar.Nem mais um gole de cerveja,nem mais um cigarro vai me fazer esquecer de você.Nem a sensação de liberdade que tanto pedi,nem essa me faz falta mais.Porque preferia estar presa em suas correntes,sentir o gosto do seu veneno,só mais um pouco,para me embrigar e me perder,de novo.

sábado, 26 de setembro de 2009

Gosto de ser você mesmo.


E tudo o que eu preciso,é de apenas mais uma dose de mim mesma.Já me perdi em tantos copos que nem sei mais qual é o meu.Me perdi entre tantos goles,e tantos gostos,que nem sei dizer qual gosto eu tenho,afinal.
Tantas vezes forcei engolir aquilo que era ruim,aquilo que não me satisfazia,por pura comodidade,apenas para insuflar o ego.E por tantas outras desejei mais um gole da dose que eu tinha de você,mas essa dose era pouca,e tinha hora marcada para que eu provasse.Eu sou capaz de descrever até hoje o seu gosto,nunca me esqueci.
Misturava um pouco do gosto doce do seu beijo,do seu amor,eu sentia isso.Mas as vezes era amargo,como seu humor instável,ou suas vontades contidas em si.Suas frustrações cheiravam à fruta podre,mas eu ainda me lembro do gosto bom.
Tantas vezes provei do veneno,mas sempre esqueci do antídoto que me faria esquecer.Nunca me preocupei mesmo em procurar em mim todas as respostas,pois achei que acharia em outros copos,mas me enganei.
Agora fico aqui,olhando para todos esses copos vazios,e me perguntando afinal de contas,o que ganhei com tudo isso.O que ganhei?Nada!Ganhei apenas o vazio que a dúvida de não saber o gosto que tenho,me deu.Apenas aquela morbidez dos lábios que já se perderam em tantos gostos,para não ser capaz de sentir o seu próprio.Triste sina daquele que procura no outro,o gosto de ser você mesmo.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Máscaras


Descrever-se é fugir de si mesmo.É inventar mil vestimentas para um único corpo,e perder-se em meio á todas elas.É enganar-se,é manipular-se.É se esconder em uma máscara,em mil,em todas elas e não saber finalmente qual a essência de ser.
Ser talvez não seja nada,represente apenas uma necessidade vil de existir num mundo onde máscaras são mais importantes que as verdadeiras faces.
Fugir de si,criar a si mesmo.Eu fugi de mim,eu fugi do que sou,porque tenho medo de ser,e de decepcionar.Tenho medo de mim,porque não sei quem sou na verdade.Se sou tudo aquilo que falo ser,ou se quero ser tudo aquilo que digo,e na verdade não sou nada,apenas palavras fazem de mim tudo.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Jardim


Dizem que para que as borboletas apareçam nos nossos jardins,é preciso cultivar bem as flores.Por algum tempo cuidei com esmero de cada rosa que plantei nesse jardim.Reguei com amor todos os dias,e aparei todas as plantas daninhas que apareciam em meu jardim.Foi assim durante algum tempo e as borboletas sempre estavam lá.
Cuidei dele e o transformei no mais bonito,no mais formoso.Ele tinha uma variedade enorme de cores de rosas,e flores de todos os tipos.Era um dos mais bonitos que se via.
Mas aí as flores foram morrendo,e não porque eu não cuidei bem delas,mas porque cada ser vivo tem um tempo para viver e aí então,morrer.Uma à uma eu vi as rosas irem secando,morrendo ali.
Fiz então o que deveria ser feito.Colhi as rosas que restaram para enfeitar minha casa,e retirei as rosas mortas do canteiro.
Claro que as borboletas foram embora.Naquele jardim já não existiam mas flores bonitas que elas se sentissem atraídas.Naquele jardim já não existia nada que elas pudessem querer tomar para si.
Fiquei um tempo triste,sentindo falta daquelas borboletas que traziam um pouco mais de vida e sentido ao meu jardim,mas com o tempo percebi que uma hora elas teriam que partir e buscar em outros jardins aquela beleza que encontraram nos meus.
Então deixei que as rosas secassem,e guardei suas últimas pétalas com carinho,afinal eram as rosas mais bonitas que eu já tinha visto em minha vida,as que cuidei com esmero e tive o cuidado de tirar cada erva daninha que surgia em meu jardim,para que essas continuassem florescendo e enfeitando um pouco minha vida todos os dias.
As borboletas também se foram,mas sei que novas rosas irão florescer,e novas borboletas irão surgir para trazer alegria ao meu novo jardim.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O teatro do tudo.


Eu lhes apresento o teatro de tudo.Onde não precisa-se de palco ou platéia,onde só é preciso idéias,essas que jorram à todo tempo de minha mente fértil,desejando fertilizar mais terras que não as minhas,dar voz àqueles que se calam por medo de dize-las,expressá-las.As idéias são como um tecido se desmantelando e se transformando apenas em linhas finas.Elas não tem obrigação de ter alguma forma,apenas de serem como são,é isso que importa.Sou como uma tecelã.Escolho as melhores palavras e bordo frases que dizem quem sou,como estou,ou apenas dizem por dizer,por brincar,por fazer.
Bem vindo ao teatro de tudo,das dores,dos sorrisos.Bem vindo à minha fábrica,a fábrica de ilusões.Onde a poetisa cria,borda,vive,ou apenas sente tudo aquilo que diz sentir,que quer sentir.
Tenho a liberdade,sou a porta-voz da minha vontade,e bordo em linhas curvas a minha história curta,de palavras fáceis ou apenas frases cruas,porque as palavras não precisam ter forma,elas podem ser como são,sem a obrigação de sê-lo.

domingo, 20 de setembro de 2009

Laços


Cada palavra ecoava em minha cabeça,como se fossem milhões de agulhas,me perfurando lentamente.Na hora prendi minha respiração,não sabia como reagir,o que falar.Fiquei tão em choque que nada vinha à cabeça,nada para protestar,para evitar que aquilo acontecesse.Estava vivendo meu pior pesadelo.
Não fui capaz de dizer nada para que você ficasse,pra que nós dois ainda tivéssemos uma chance de fazer tudo dar certo,de continuarmos juntos.Os dias,as noites,todos eles passei sem me dar conta de que apenas respirava por comodidade,porque não me sentia mais viva como antes,as coisas não tinham o mesmo gosto,e nem deveriam.
Tudo sem você perdeu a graça,perdeu a cor,perdeu o perfume,perdeu o gosto.Nada mais parecia vital.Tudo era muito supérfluo,meus gestos eram automáticos,os sorrisos eram fingidos.Mas,eu não podia demonstrar tanto assim que estava quebrada,não podia deixar que minha fraqueza se mostrasse tão fácil assim.Não!eu não podia deixar que todos vissem aquilo que realmente sentia,então menti.Fingi que nada tinha me abalado,fingi que era completamente feliz,enquanto sentia meu coração apertado e minha barriga se contorcer à cada vez que eu ouvia o seu nome.Era e ainda é muito difícil pra mim ficar longe de você,porque quando te conheci senti que algo em você me completava.Senti que entre nós havia uma ligação forte,algo inexplicável,e agora aqueles laços que eu enxergava,se tornaram invisíveis até para mim.
Agora nada mais nos liga,nada mais nos afeta.Parecemos aos olhos do outro,dois estranhos.Nunca quis te machucar,de verdade.Nunca imaginei que choraria sua falta todos os dias,que não saberia o que falar,ou o que fazer.Nunca pude imaginar o quanto você me faria falta,o quanto eu me sentia completa,não fazia idéia de que era tanto assim.
As coisas não podem,e não devem,mudar entre nós.Porque eu ainda sinto que algo pode voltar a nos unir.Vou tentar costurar esse laço,pra que nada nos separe de novo,porque eu acredito que o amor é grande,maior que a dor,maior que qualquer dor.
Não vou deixar palavras machucarem,não vou permitir mais lágrimas e mais dor,nada em você ou em mim vai doer mais,pois seremos novamente o remédio para as feridas um do outro.E nada vai mudar entre nós,o amor,o nosso laço.Esse laço que foi desatado,era fraco e eu acredito que um novo laço será dado,e dessa vez,nada vai nos separar,nada vai nos desatar,porque nós pertencemos um ao outro.

sábado, 19 de setembro de 2009

O amor.


Me falta o fôlego,o ar.Você era o sopro vital.Era o ar que me fazia respirar,me fazia viver.Era a vida que corria por minhas veias,irradiando a felicidade à cada extremidade de meu corpo.E agora,o corte foi tão profundo,que a vida secou,pouco a pouco.Deixei ela ir.Escorrer por entre os dedos sem o mínimo de culpa que caberia à mim.
Eu a vi partir.Deixar em mim uma escuridão que nada,nenhuma luz poderia me fazer enxergar.
As cores se foram.Só conseguia ver vermelho vivo,vermelho do sangue,da dor,do sofrimento.
Minha vida passou a ser em preto e branco,sem graça,sem tons,sem música.A única coisa capaz de ouvir no silêncio da minha mente eram as últimas batidas do meu coração,que sofria a cada passo que você dava se distanciando de mim.
Eu deixei ir toda a vida que me restava,tudo aquilo que me fazia viver,e sorrir.Eu vi isso se acabar,pouco a pouco,como uma rosa que seca depois de algum tempo sem água para continuar viva.Essa rosa secou,meu coração secou,o amor morreu.Não,o amor não morreu,mas meu coração morreu sem o meu amor.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Tic Tac...


Tic Tac,Tic Tac,Tic Tac...É,o som do relógio está a me enlouquecer.Os segundos parecem ter sido congelados,e o tempo simplesmente insiste em fazer doer.O coração bate acelerado ansiando que algo aconteça,pra que ele possa voltar a ter paz de novo.Não sei dizer o quanto isso me machuca,ou o quanto isso me deixa ansiosa,mas esse silêncio me mata.

Tic Tac,Tic Tac,Tic Tac...O relógio insiste em bater,mas os segundos simplesmente parecem não querer passar,como num sinal de provação,até onde vou aguentar essa angústia,até quando vou aguentar esperar que tudo isso se resolva de uma vez por todas.
Não sei se espero,não sei se fiz o certo,não sei se é o certo amá-lo desse jeito,nessa intensidade.Mas simplesmente,se tornou impossível não amar,do meu jeito torto de amar,do meu jeito insano de amar e de me entregar,do meu jeito criança de amar.
Tic Tac,Tic Tac,Tic Tac...E o tempo parece mesmo querer brincar com a minha dor,fazer mais profunda a ferida no meu coração,deixando uma marca que eu não sei se o tempo vai apagar.Só queria uma resposta,apenas uma resposta.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Metades e inteiros





P
és descalços tocando a areia.Sentindo aquela sensação de solidão,eterna.Olhando a Lua no céu,tão brilhante,tão distante,e deixando as lágrimas rolarem.Elas tem um gosto salgado,e um pouco amargo,de solidão.

Nunca achei que me sentiria tão só num momento como esses.Observo tudo ao meu redor,vejo rostos,mas não sei decifrá-los,não sei dizer se me observam também,ou se é apenas paranóia porque estou sozinha aqui.Mas é tudo muito estranho afinal de contas,porque há algum tempo nunca me imaginei sozinha aqui.Tantas coisas eu passei,tantas...E agora fico aqui presa à apenas recordações inúteis,aliás,muito úteis,para me fazer chorar,e sentir saudade.
A solidão não está no fato de realmente estar sozinha.A solidão está no fato de,estar entre um milhão de pessoas conhecidas,e permanecer só.Permanecer em silêncio e sentindo aquele vazio imenso,de solidão.É acordar e ir dormir sentindo aquilo que ninguém gosta de sentir.Angústia,tristeza,vazio,indiferença à vida.
Acreditei que não viveria,pois me sentia sozinha.E ia levando a vida como se fosse algo completamente desnecessário de ser saboreado.Eu vivi meus dias sozinha,me lamentando por estar só,sentindo aquela angústia horrível,chorando e pedindo à Deus que algo acontecesse pra que então,eu não me sentisse mais sozinha.Eu já não me amava mais,não amava à vida.
E fui caminhando,e pensando em tudo isso,pela praia,enquanto observava a Lua no céu.Aquele sentimento de solidão pertencia somente à mim,embora eu achasse que não.Embora eu achasse que todos dali estavam olhando pra mim naquele momento.Era paranóia,pois ninguém prestava atenção.Eu vivi muitos de meus dias assim,andando por entre as pessoas e sem alguém me notar.Mas no fundo,eu não queria ser notada,ou queria.
Parei pra pensar em tudo o que eu estava fazendo comigo mesma,em quantas coisas deixei de viver,pequenas e grandes coisas,que deixei passar por mim e nem notei,só por me sentir só.Decidi me amar,me notar mais,e aí,aquele sentimento horrível de vazio,de solidão se foi.Pois descobri em mim uma força da qual estava apenas dormente.Descobri que a solidão é pior quando se está ao lado de alguém e permanece se sentindo só.Descobri que não preciso de alguém para me sentir feliz,completa,pois não sou a metade de alguém,sou o inteiro que encontra no outro o reflexo de si.Não preciso de metades que me completem,quero inteiros,inteiros que sejam inteiros também,que não precisem de uma metade para se sentirem inteiros.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Magra


E aquela gordurinha me encomodava.Ninguém a via,só eu,mas já bastava.Pois,quando me olhava no espelho,me espremia,virava,me mexia de um lado e de outro,e fazia tudo para que ela desaparecesse,mas sempre que eu olhava ela estava ali.

Me cansei das pessoas dizerem que meu corpo é bonito.Será que ninguém vê que estou gorda?Que preciso de um regime urgente?Meu Deus!As pessoas,ou são muito cegas,ou querem me fazer sentir como uma Miss,magra e linda.Mas eu sei que falta muito para que eu seja magra e linda.
Olho no espelho,e aí me frustro.Lembro do que comi no almoço e logo sinto o ácido percorrendo minha garganta.Não posso engolir,não posso!Preciso ficar magra,magra,magra.
Eles me querem assim,eles sempre me quiseram assim!Quem sabe assim eles olham pra mim?Não adianta,não estou magra o suficiente,quero ser modelo.
Quero ser Top.Mas daquelas bem magras,e bonitas.Daquelas que vão pro exterior e são fotografadas.Sabe,eu tenho feito um regime.Como um pouco,e logo vou vomitar.Sei que faz mal,mas eu não posso engordar,preciso ficar magra,magra,magra.
Toda vez que como,nossa,parece que o mundo se derrete sob o céu da boca,eu sinto o gosto adocicado,e quero mais,quero muito mais,mas,não posso.Porque tenho que ser magra,magra,magra.E aí,como tudo o que vejo,como tudo com gosto,e depois vem a culpa.Ela vem e eu perco aquela loucura por comer,e me vejo com uma única saída,vomitar.
Eu coloco tudo pra fora,porque não posso ser gorda,ninguém gosta delas.E eu quero que aquela gordura saia de mim,ela precisa sumir!Eles me querem magra,magra,magra.

domingo, 13 de setembro de 2009

E aí então,o que será de nós?


E aí você me diz que as coisas não são tão simples.Vou lhe dizer uma coisa mocinho,não é simples viver.Não é simples engolir o orgulho e colocar o amor à frente de tudo.Não é simples dizer que está tudo bem quando seu coração,na verdade,está se transformando numa poça de sangue.

Dei cada passo,de forma calculada.Nenhum gesto poderia falhar agora,porque seria a última tentativa,de todas as que eu fiz,e confesso que nunca imaginei que essa seria tão frustrante.Parece que é mais simples fugir do sentimento,quando você é quem está no comando da situação.É fácil fingir que precisa pensar quando já sabe exatamente o que quer.
O gostinho de estar no comando é mesmo muito bom.Deve ser alucinante sentir a adrenalina correndo suas veias,enquanto eu fico aqui,quebrando a cabeça pra encontrar uma forma de falar 'Ei,acorda!Eu quero você!'.Não sei a forma de falar,e nem se devo.Na verdade já falei muito,já meti os pés pelas mãos.Tentei mover a pedra que nos separa,sozinha,mas ela nem se moveu,nem sequer saiu um centímetro do lugar!Falei sobre meus sentimentos,sobre futilidades,tentei ser aquela amiga que está sempre presente,e só o que consigo sentir é que você me deseja,ausente nesse momento.
Então está decidido.Vou deixar você em paz.Vou fazer exatamente tudo aquilo que eu deveria ter feito há muito tempo,por amor-próprio.Deixar que você sinta minha falta,sinta vontade de ficar comigo,ou ao menos,de me ter por perto.
E aí não vai existir dificuldade alguma em dizer que a situação está da forma como deveria estar há muito tempo.Porque por você,passei por cima do orgulho,da honra que ficou ferida depois de suas mancadas.Engoli problemas e tentei evitar brigas...Mas tudo em vão,agora percebo.Errei muito tentando acertar.Mas você também errou,e já nem sei se foi querendo o meu bem,não dessa vez.
Vou deixar a liberdade de me desprender desse sentimento de culpa correr por entre minhas veias,me deixar fluir,viver.Simplesmente quero viver.Quero tentar esquecer essa ferida que você insiste em aprofundar.Porque sempre que uma ferida se fecha,outra trata de se abrir,e isso se tornou um círculo um tanto quanto vicioso.
E aí mocinho,quando você souber que realmente me ama,e que é capaz de superar,de passar por cima de tudo para estar ao meu lado,você poderá ver que o tempo passou e que já é tarde demais,porque talvez a ferida que você causou já tenha se curado,com um novo remédio.E então eu lhe peço,não deixe que isso aconteça.Lute da mesma forma que luto pelo nosso amor,lute por mim,e por uma nova chance,deixe seu orgulho besta de lado,deixe.

Não


Palavras.Nunca imaginei que elas pudessem ferir tanto.Palavras são como uma faca de dois gumes,ao mesmo tempo em que dizes o que quer,outra pessoa irá lhe dizer tudo aquilo que,foge,pra não ter que ouvir.Engraçado como nunca imaginei que ouviria as mesmas palavras que eu disse há algum tempo,para fugir de algo que já não me fazia bem.

Quando eu as disse,elas não doeram.Pareceram tão leves,tão suaves,como o sopro do vento,morno,num dia qualquer de outono.Elas fluíram com facilidade,escaparam por entre meus dentes,sem causar qualquer desconforto que fosse.
Eu as disse repetidas vezes,e nem ao menos elas me fizeram tremer.Foi fácil,dizer adeus da ultima vez.Era eu quem não queria mais.Era eu quem não amava mais.E eu disse.Eu disse não por repetidas vezes,até que minha garganta ficasse seca e eu precisasse de um copo d'água para me recompor e continuar a dizer não.Não.Que palavrinha traiçoeira!
Agora sou eu quem a escuto repetidas vezes.E parece que não aprendo!Eu estou aqui,batendo a cara contra o muro por muitas e muitas vezes,sangrando sem parar,lutando até minha última gota de suor se misturar com o sangue,e continuo a ouvir não.Não imaginei que doesse.Não imaginei que seria tão difícil aceitar.Mas é.
Nunca me coloquei no lugar de quem me ouviu negar amor,negar afeição,negar até mesmo amizade.Neguei,sem culpa,sem medo de um dia,ser negada também.
E agora as palavras vêm me cortar como faca de dois gumes,e os dois muito bem afiados,obrigada.

Sorrisos de gesso.


Querem que eu sorria,sempre.Querem que eu abra minha boca e esboçe um sorriso.Mas como!Estou consumida em ódio,acabaram com a vida daquele que me deu paz,acabaram com a vida daquele que me fez feliz!Estou aqui,estirada ao lado de seu corpo,junto de seus destroços,agora já não lhe resta nada,a vida é um pó!Deixei que tirassem de mim,todo esse amor,e agora exigem um sorriso.O mundo é cruel!

O mundo exige de todos nós,que guardemos nossos sentimentos,sejamos frios.O mundo deixou atirarem nele,deixou que ele sangrasse até a morte sob meus pés,e eu tenho que sorrir!Gostaria de juntar todos os seus pedaços,e reconstruí-lo.Queria dar à vida de novo,para que eu pudesse sorrir verdadeiramente.
No verão passado estávamos na beira da praia,olhando o Pôr-do-Sol e ele me prometeu amor eterno,ele disse que ficaria para sempre comigo!Rosas,esse era o perfume que ele deixava em meus lençóis.E seu gosto,ele tinha gosto de morangos frescos,selvagens,assim como seu espírito,ele era selvagem.Ele me tinha em seus braços com tanto calor,com tanta paixão,que me deixava derreter como o sorvete no Sol.Ele sabia,tinha pouco tempo.
E então,de repente o verão vira inverno,e a vida doce virou amarga.Então é assim que as coisas terminaram.
Um tiro.Silêncio.
Tinha sangue,muito sangue espalhado,e meu grito não saía,não conseguia nem sequer expressar a dor que me consumia ao ver o amor de minha vida estilhaçado no chão,bem ali,na minha frente.
Agora a dor vem à tona,e eles querem que eu saia dessa.Deixe o passado,enquanto ainda sinto o sangue fresco correr por entre os meus dedos,ainda sinto suas últimas palavras ecoando em minha cabeça 'serei pra sempre seu'.
Eu esboço um sorriso,um sorriso de gesso.Um sorriso frio,e falso,pra que esse mundo deixe viver minha vida infeliz em paz.Esboço sorrisos de gesso porque assim,o mundo talvez seja,menos cruel com minha dor.

Noite


Talvez não seja tão só.Talvez o escuro só a faça perceber quanto o silêncio a perturba.Talvez o escuro só a faça sentir mais frio,e mais ausência de alguém que seu coração grita desesperadamente,pra que esteja lá,e a proteja de qualquer coisa que possa,a qualquer momento,emergir da escuridão.
A escuridão traz à tona todos os medos e angústias que a claridade sufoca.O medo de estar sozinha,e permanecer só.O medo do desconhecido,o medo de sentir frio,de não poder enxergar.É uma ansiedade angustiante essa de querer ver no escuro,forçar os olhos o máximo que pode em busca de um foco de luz que seja,um pingo de claridade,e não ver nada.
E é assim que a noite é.Ela traz à tona tudo aquilo que o dia consegue camuflar,todos os medos,as dores,os anseios.A noite mostra o quanto sou solitária,e silenciosa.Minha mente permanece em constante mudança,meus pensamentos vão à mil,e eu continuo aqui.Sentada.Observando a Lua e o brilho que ela tem.Ainda bem que não estou na escuridão total.Um pouco de luz que entra por minha janela me faz ver um pouco além do lugar onde estou.Pelo menos não tenho algo mais à temer.Já basta os meus medos,e a solidão que guardo em mim,já basta tudo isso que a noite me traz.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Palavras


Gosto da facilidade com que meus dedos percorrem o teclado do computador,juntando letras,formando frases que podem me descrever,ou simplesmente inventar.Gosto da facilidade que tenho de me despir em algumas palavras,de dizer os meus segredos mais profundos sem ao menos ter a intenção de revelá-los.

É incrível como as palavras tem um poder tão forte,e tão devastador.Como uma simples frase mal colocada pode mudar sua vida por completo,à ponto de se perder tudo o que foi construído.
E eu gosto dessa facilidade que tenho de escrever.De talvez,usar as palavras certas,da forma certa pra que eu consiga me fazer entender.Ou então,pra camuflar tudo aquilo que sinto.
Mas odeio o fato de que as palavras só conseguem enganar por um momento,porque quando as pessoas olham em meus olhos,elas sabem tudo aquilo que realmente sinto.
Odeio o fato de meus olhos deixarem transparecer coisas tão profundas,tão minhas,que eu não gostaria de mostrar a ninguém.Odeio como as palavras também conseguem me fazer chorar,me deixam tão vulneráveis à ponto de não conseguir me esconder.
Amo e odeio as palavras.Odeio a forma como me revelo,e a forma como sou capaz de me esconder.

Gosto


Gosto de sentir esse gosto.Tão suave veneno,descendo pela minha garganta,entorpecendo cada pensamento,afogando cada palavra não dita.Gosto do jeito que ele me deixa,meio leve,meio alta.Gosto de senti-lo quente,percorrendo cada pedaço do meu corpo,o ruborescer do meu rosto quando sinto aquele gosto adocicado,as vezes mais atenuado devido o tempo que foi conservado.

Gosto da sensação de leveza que ele me passa,as vezes me fazendo rir até mesmo de coisas que,não tem a mínima graça.Gosto da facilidade com que ele me faz esquecer tudo aquilo que dói,da saudade,das lembranças de pessoas que se foram,ou de pessoas que quiseram ir.Gosto da facilidade com que ele me faz rir de tudo e todos,da vontade que me dá de dançar,ou de apenas me movimentar de um lado para o outro.
E eu gosto de sentir,sentir a música dentro de mim emanando à cada batimento,por cada parte de meu corpo.Gosto de sentir a facilidade com que a tristeza vai embora e dá lugar à uma felicidade que não tem fim,que não tem nexo,sem por que.
Gosto do meu riso descompromissado,ou dos passos que dou durante a música,completamente descompassados,mas gosto mais ainda quando volto à sobriedade,e vejo que posso viver sem esse veneno.Mas,ainda gosto desse gosto.

Nostalgia


Dias nostálgicos em minha vida têm se tornado muito comum.
Algumas lembranças se tornam dolorosas,outras nem tanto,mas todas vêm à tona quando me sinto sozinha.
Parece que elas vêm à mim para me fazer companhia.Ou talvez para me fazer sentir sozinha novamente.
E é de noite,no meu quarto,olhando tudo ao meu redor que percebo que tudo me lembra alguém,algum dia.
Fotos,cds,objetos que marcaram momentos,marcaram rostos,marcaram dias.
Algumas vezes me perco entre tantas lembranças que me perco entre passado e presente.
Por tantos dias lembranças me fizeram chorar ou rir,e alguns dias elas se tornaram insignificantes,me tornei indiferente à vida.Mas não deveria ser assim.
Porque tem dias que me sinto a personagem principal da minha vida,e por tantos dias me senti apenas a figurante,que vê tudo acontecendo,mas não é capaz de mudar a história pois é apenas a figurante.E algumas falas são sempre iguais,algumas pessoas cometem os mesmos erros,em ações diferentes.E algumas vezes não existe platéia pra aplaudir no final.
Sei que as palavras às vezes não têm efeito,não são capazes de descrever sentimentos.Mas o conjunto,as frases,são capazes de amenizar dores ou pensamentos aflitos que estão ali,guardados,desesperados para serem explicados,e eliminados.
Gosto do meu jeito de ser,às vezes deixo de dizer o que penso,deixo de ser impulsiva.Muitos momentos fui assim,omissa,submissa,calada.E vi a vida passar por mim,eu vi a vida passar por mim!e ela nem me notou!
E como é possível se sentir bem sabendo que você não é capaz de controlar sua própria vida?!Não dá!
Ás vezes sinto vontade de gritar,de chorar,de quebrar tudo a minha volta.Mas me controlo,me omito novamente,e aquilo se acumula em mim.Sinto necessidade de dizer ao mundo aquilo que sinto e não sou capaz,não tenho mais voz,ela se perdeu junto de alguns sentimentos que fui capaz de deixar que roubassem de mim.
Sinto uma euforia,uma vontade e uma alegria em viver e aí vem na mente todos aqueles dias que você não estava bem,e aí sinto de repente uma vontade enorme de me fechar no meu quarto,no meu mundo,e chorar.
Chorar todas as mágoas,todas as dores,todas as feridas que eu mesma me causei.
Não entendo os meus próprios sentimentos.São tantas coisas ao mesmo tempo!Sinto alegria e tristeza ao mesmo tempo,por motivos diferentes.É uma confusão e eu não sei lidar muito bem com tudo isso.
Só sinto que preciso dizer,preciso externar tudo isso antes que eu me perca dentro de meus pensamentos.
Algumas lágrimas são inevitáveis duranto o auto-conhecimento.Falar sobre sentimentos às vezes dói.Relembrar antigas mágoas,conservar rancor,dói muito mais do que a ferida causada naquele momento.Às vezes é preciso quebrar algumas barreiras,pra poder se conhecer melhor.
As vezes sinto uma imensa vontade de chorar,e nem sei dizer ao certo o motivo por sentir tudo isso.
Acho que é porque me sinto sozinha,perdida em mim mesma,nas palavras que tento descrever tudo o que sinto e o que penso,e as vezes dói não conseguir encontrar expressões pra isso,as vezes a única forma de me expressar são com as minhas lágrimas ou meus sorrisos.


Queria lembrá-los de que todos os textos aqui postados são de autoria minha,portanto não podem ser copiados ou utilizados de alguma forma,sem prévia autorização.Roubar uma obra é ferir os direitos autorais e dá cadeia.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Dúvidas,dúvidas,dúvidas




E elas brotam de qualquer lugar.Não importa sobre o que seja,quando seja,ou se vai ser,elas surgem e deixam qualquer um maluco.Estou me questionando sobre tudo e qualquer coisa à todo tempo,e me dou esse direito,afinal,faz parte da minha natureza.

Mas não me sinto nada à vontade quanto as dúvidas de outrém sobre mim.Sobre o que vou ser quando me formar,o que quero cursar,quando vou arrumar emprego,quando vou ser isso,ser aquilo.Ah!as dúvidas quando minhas,já causam leve desconforto.E digo isso porque dúvidas me mostram o quanto sou instável,o quanto sou insegura.Dúvida sobre o que é certo ou errado,se alguém em algum lugar de todas essas galaxias sabe o que é certo e errado,o que devo vestir para ir à uma festa ou à padaria,o que devo ou não dizer à alguém.Dúvidas são incômodas e torturantes,pois me fazem ver o quanto não tenho certeza sobre mim e nem sobre o Universo.Dúvidas são chatas e pertinentes porque mostram o quanto tudo isso não tem nexo,o quanto o mundo é uma caixinha de surpresas e o quanto eu mal me conheço,ou conheço esse mundo.
Mas aí,quando as pessoas me questionam sobre as coisas,me sinto pior,pois sei que elas também se questionam e afinal de contas onde vamos chegar com essas dúvidas?
Cheguei à uma única conclusão da qual também tenho lá minhas dúvidas,vamos enlouquecer com elas.

Pensamentos vagos,um bar e muitas dores.


Pensamentos vagos,um bar e muitas dores.

Parecia que aquela noite infernal não acabaria nunca.Tomei o último gole de uma bebida vagabunda,qualquer,e me dirigi até a porta.Aquele som de risadas,misturado àquela música estava me enlouquecendo.E a cada passo que eu dava,era como se o som todo sumisse e eu só fosse capaz de ouvir o som da voz dele.Era como se as palavras ditas por ele ecoassem mais e mais alto em minha cabeça.
Só queria ir embora,não mais me lembrar o que ele me disse.Só desejava que aquela maldita bebida fosse capaz de me anestesiar,me afastar do sofrimento.Dói repetir as palavras,dói saber que não vou mais vê-lo.E quanto mais desejei esquecer,mais me lembrava.
Olhando o céu parecia que a noite seria ainda mais dolorosa.As estrelas me lembravam o brilho dos olhos dele,e a Lua ali tão próxima de mim,eu só desejava tê-lo em meus braços naquele momento.
Decidi caminhar.Qualquer caminho que fosse,não me importa.E quanto mais rápido eu caminhava,como quem tenta passar pelas lembranças sem que elas se lembrem de mim,mais forte era a dor.
Não tinha que ser assim.Era esse pensamento que me consumia a todo o tempo.Não precisava ser assim,tão doloroso.A chuva caindo,sobre meu ombro como que me consolando e tentando afastar minhas dores de mim.Sigo.E enquanto percorro o caminho de casa,eu tento prender minha atenção em qualquer coisa que seja,tentando apagar nossa discussão da cabeça.Reparo no desenho da calçada,formam ondas preto e branco.Finalmente estou em casa.
Piano.Uma garrafa do melhor vinho.Uma taça.Som.Uma nota que desafinou.Minha vida poderia ser resumida em uma melodia,sendo tocada por um iniciante.Cheio de notas desafinadas,carregadas.De dor.
E assim,permaneci.Ouvindo uma música qualquer,se me lembro bem era 'Love Hurts' do Incubus,deitada no meu sofá preferido.E enquanto me abstraía da música,e da chuva lá fora,mentalmente fui revivendo cada momento da discussão,palavra por palavra.Doloroso.
Adormeci,vencida pelo cansaço de lutar contra minha dor.Cansada de evitar que as lágrimas percorressem meu rosto.Amanheceu.E a esperança de que tudo se resolvesse tomou conta de mim.O dia não queria passar.Parece que o tempo brigou comigo.
O telefone tocou.Meu coração foi de zero a cem em um segundo,batia tão acelerado que quase me esqueço de respirar.Senti um frio na barriga,e não sabia o que pensar.Aquele som fez com que me contraísse em dor,e a mesmo tempo suasse frio,na ansiedade de saber o que ele tinha a me dizer.
E tudo o que ouvi foram só palavras amargas.Palavras que,a medida que eram proferidas por ele,causavam uma dor maior à que eu estava sentindo.Ouvi cada palavra em siLêncio.Era o fim.
Nem ao menos chorei quando desliguei o telefone.Ainda não conseguia acreditar em tudo o que tinha ouvido.Precisava sair de casa.
Achei que seria a última vez que me sentaria naquele bar,sozinha com minhas dores,e afogaria minhas mágoas em um copo de bebida qualquer.Me enganei.
E é como se o céu despencasse sobre mim naquele momento.Eu só queria fugir,deixar tudo pra trás.E cada palavra em minha mente ecoava,era o fim.Adeus.Passos antes,silenciosos,pareciam quebrar o chão sob meus pés.E de novo,as únicas companhias que tenho são a chuva e a solidão.A chuva acompanhou,como que num movimento de solidariedade,cada lágrima que deixei novamente,percorrer meu rosto.
Vazio.Frio.Dor.É assim que meu coração ficou depois que ele me deixou só,com apenas lembranças amargas.Pedra.Depois do que ele me disse foi em pedra que meu coração se transformou.E a história sempre se repete.
Deixei que a vida passasse por mim,sem fazer nada para que ela notasse minha existência.Era bom ser invisível.Assim,a dor era menor,e menor até que eu não mais a percebesse.Parece que o tempo enfim,anestesiou as minhas feridas,só restaram as cicatrizes.
O tempo passou rápido de tal forma,que nem me dei conta de onde eu tinha então,parado de viver.Já não me lembrava com tanta frequência tudo o que havia vivido com ele.As palavras dele já não ecoavam em minha cabeça.
Mas parece que no fim das contas,o tempo é só mais um cretino que,nos deixa 'curar' um pouco das feridas,pra depois reabrí-las e marca-las a ferro e fogo,com mais intensidade.Ele voltou pra minha vida.Voltou com suas lembranças e com todas as dores que ele me causou.
'A vida não é mais a mesma coisa.Nada dá certo.Sinto sua falta'.Tudo o que eu ouvi da boca dele,martelando em minha cabeça à ponto de me enlouquecer.Eu já não queria mais ele na minha vida.Eu também sentia falta dele,mas toda a dor que ele me causou foi muito maior do que os momentos bons que tive ao lado dele.
Lágrimas.Pensamentos vagos.Um bar.Muitas dores.Todas aquelas que amarguei no passado e,agora,novas dores.Só queria conseguir esquecê-lo,e continuar minha vida como se ele nunca tivesse existido.O vento trouxe pra mim todas as lembranças,trouxe aquilo que no fundo eu apenas escondi,ele trouxe tudo à tona.
E agora,eu repito os mesmos gestos.Sento-me na mesma cadeira de antes à beira do velho balcão do bar.Está lotado.Pessoas rindo e se divertindo,música alta,e em mim?Silêncio.Solidão.Só um último gole de uma bebida vagabunda,qualquer.

Ácido em forma de chuva,ou de lágrimas


Então lágrimas percorrem minha face,consumindo cada coisa boa que guardei em mim,durante aquele tempo em que te tive do meu lado,e pude causar seus sorrisos mais sinceros.Agora elas escorrem feito a chuva,do outro lado da janela.Corroem à mim feito ácido em contato com o ferro,deixando enferrujado por onde ele passa,deixando marcas que nunca serão apagadas.
E sufoco cada grito,cada palavra que quero dizer,pra não ter que olhar em teus olhos e sentir o prazer de me negar um pouco daquele amor que um dia me foi dado.
Aquele teu prazer ao meu sofrer,teu riso não contido quando vê meu pobre coração angustiado e ferido,jogado às traças,aquilo corrói,e percorre meu corpo,como o sangue pelas veias,levando veneno à cada batida do coração.
Então deixou de sentir,deixei de sentir tudo o que sentia.Deixei de viver tudo aquilo que vivia,suas antigas memórias,que vinham à porta todas as vezes que eu estava prestes a te esquecer.Parece que nem o tempo,aquele desgraçado,queria me deixar viver em paz,ou talvez morrer em paz.
Parecia que tudo estava contra mim,ou à favor do meu fim,tanto faz agora.Não importava muito quando,nem de que forma isso aconteceria,pois eu aguardava ansiosa cada segundo,que isso acontecesse de forma rápida,de modo à sufocar de uma vez por todas meus gritos não dados,palavras não cuspidas,e sentimento não correspondido.
Mas até aquele maldito tempo quis me fazer esperar,talvez dar um tempo fosse o que eu precisava,pra querer mais ainda que o fim chegasse e eu tivesse um pouco de paz.Ele sufocou finalmente,cada angústia que guardei,mas o tempo só me enganou,e estou aqui novamente,contendo o ácido pelo qual quase todo meu coração se deixou corroer.

Gostaria de esclarecer que este texto não é nada pessoal,é apenas um texto inspirado em algumas letras de músicas que falam sobre o sofrimento de um amor não correspondido.