sábado, 26 de dezembro de 2009

Me desprendo


 Então me desprendo de mim mesma.
Me desprendo do ser,do ter e do sentir,e diga-se de passagem,principalmente do sentir.
Me dou,de corpo,alma e coração.
Sou inteiramente do vento,da Lua,da rua.
Eu vou voando pra qualquer canto,não importa o rumo.
Eu me parto em cem pedaços,em mil,em um milhão.
Cada parte de mim voa à cada coração de quem se lembrou,que um dia estive presente em sua vida,que bati à sua porta.
E eu reparto minhas dores,minhas mágoas,meus dissabores.
Mas distribuo apenas as alegrias,aquelas que vivi,e que curaram algumas feridas.
Porque me desprendo de tudo,me desprendo do mundo,mas me desprendo principalmente de você,causador de tudo.

Tua voz,meu silêncio.




Sua voz torna-se impotente diante do meu silêncio.Enquanto usa tuas palavras rebuscadas e cheias de ênfase,sempre racionalizando tudo,até mesmo sentimentos,permaneço em silêncio.
E permaneço porque sei que não preciso de palavras,quando meu coração fala por mim.
E as vezes,o silêncio diz bem mais,do que palavras.


Covarde não é aquele que cala-se diante do perigo porque teme enfrentá-lo,e sim aquele que cala um coração,pois teme escutá-lo.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Amor destrutivo

Eu só quis libertar meu coração para que ele pudesse talvez se curar aos poucos.Eu queria me ver livre das lágrimas diárias,das dores no peito,dos soluços no meio da madrugada.
Queria não ter mais que disfarçar o choro abafando o som com o travesseiro,ou fingir estar sorrindo,quando estou destruída por dentro.Tentar sair para me distrair e conhecer pessoas novas,e em cada uma delas encontrar um pedaço de você.
É,em cada uma delas têm uma parte de você.Ou são os olhos,o sorriso,a voz,os gostos,a música,o toque suave.Tudo me lembra você.E então eu me destruo de novo,com esse amor destrutivo.
Destrutivo pra mim,que sofre,que chora,e que morre à cada dia com a saudade que bate no peito,que aperta e que me faz chorar.
E eu me sinto auto-destrutiva.E me sinto assim porque não consigo me livrar de qualquer coisa que me faça lembrar você.O que eu escrevo,é sempre pra você.O que eu ouço,sempre me lembra você.Cada lugar que eu vou,lembra você.
E são essas suas lembranças,que eu trago tão vivas em mim,é que me fazem morrer pouco à pouco,que me fazem destruir à mim.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009


Não sei se sou eu que tropeço nas palavras,ou se é o silêncio que tropeça em mim.

Aquele velho rosto




Então me dirijo até o espelho,e observo aquele velho rosto cansado de fingir para si mesmo,que nada dói mais,porque o tempo cura tudo.
Mas na verdade,o tempo só nos prova que não existe nada que possa curar um coração retalhado.Nem mesmo um novo amor,nem mesmo ele,o tempo.

Te expulso



Te cuspo
Te expulso
Te mato
Mato cada pedaço de você que guardei em mim
Mato cada parte desse amor que eu quis viver
Te corto
Te quebro
Te esqueço
Porque cada parte de mim quer se ver livre de cada parte de você
Porque cada parte de você me machuca,toda vez que lembro 
Do sorriso fingido
Do beijo não dado
E dos abraços gelados

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Os medos não tem asas




E é mesmo uma pena como sentimentos voam pela janela afora,sem ao menos darem pistas de onde irão descançar.Eu abri meu coração,pura e inteiramente apenas para me livrar da dor da dúvida,e da angústia.Eu vi meus sentimentos voarem pra bem longe de mim,e pra bem longe de você também.
Eu me despi de juízo,me despi de pudor,e acabei me esquecendo das consequências já esperadas,que essa minha mente despudorada poderia me trazer,e trouxe.
O vento carregou pra longe aquilo que sentia.Ao invés de entregar-lhe meu coração,ele passou por você,sorriu,e continuou a voar.E sabe-se lá onde vai parar,não é?
A coragem se foi,bateu a porta.Tivemos uma briga feia,ela e eu.Ela teimava que era preciso arriscar-se para conseguir aquilo que ansiava,e que se não conseguia,era porque simplesmente não era pra ser.E eu teimava,que nem sempre arriscar é a melhor opção,ainda mais quando sabe-se onde tudo vai terminar.
Mas acabei seguindo os conselhos,e me vi sem chão de novo.
Abri meu coração,tão pura e inocente,que vi meus medos todos irem janela abaixo,junto com o amor que eu senti por você.Mas meus medos não tinham asas,e nem o meu amor.


Você pode até sufocar meus gritos e ignorar tudo o que falo,mas você não pode calar meu coração.

Bailarina


Sou a bailarina da vida
Vivo no meio fio da dor e da ferida
Da alegria não contida


Sou a bailarina dançante
Danço entre o amor sufocante
E a dor latejante


Me equilibro em minhas mágoas
Tão tolas
E tento não me afogar na tristeza
Em todas elas


Vivo no meio fio de mim
Vivendo minha vida assim
Me equilibrando na tristeza
Tentando não sufocar na mágoa
Para um dia descobrir a alegria
Que talvez tenha ficado guardada

O silêncio.




Tanta coisa guardei em mim,e por tanto tempo me senti sufocar.Todas aquelas lembranças,todo aquele sentimento que nunca mudou,mesmo depois de tanto tempo,todas aquelas saudades e vontades incontroláveis,e toda aquela dor pela ausência,pelo silêncio,pelo não-calor.
Então cuspi tudo isso.Vomitei todos os meus sentimentos,minhas dores,saudades,tudo aquilo que sufocava o peito,que amargurava o coração,que me entristecia.
E eu disse tudo isso,não pra que você sentisse pena,ou me quisesse de volta,não meu bem.Eu só disse tudo isso,para que meu coração tivesse paz,para que as lembranças parassem de interromper meu sono todas as noites,para que meus olhos pudessem parar de arder com as lágrimas ininterruptas,por você.
Eu disse tudo isso por mim,porque era como falar falar falar por horas à fio,estar com a boca seca,e não ter um copo d'água para matar a sede.Era como se eu enfrentasse o frio do Polo Norte,sem casaco algum.Eu estava morrendo,sufocando,me corroendo por guardar,mas agora não guardo mais.
E eu nem sei afinal,no que tudo isso vai dar.Se vamos continuar como estamos,se vamos nos afastar,mas agora já não importa.E sabe porque?
Sentimentos bonitos como os meus,lembranças boas como as nossas,esse tipo de coisa não se deve temer dizer.Não tenho que me sentir tão insegura para dizer o que sinto,porque a dor é minha,o amor é meu,e eu não pedi para compartilhá-lo contigo,não mais.
Não porque eu senti por muito tempo a ausência dos seus braços em torno da minha cintura,me protegendo do mundo que não nos quer tão bem assim.Porque eu senti a ausência do seu gosto na minha boca,depois de um beijo caloroso,como aqueles que você costumava me dar.Não porque eu sentia a ausência da música,mesmo quando o som estava no último.
Eu só queria dizer tudo aquilo que guardei por tanto tempo,porque precisava sentir que meu coração estava se libertando de tudo isso.Porque eu não quero mais sentir que ele morreu,que ele sufocou,que ele se calou.
Porque eu não tive voz,mas tive a caneta e o papel para poder expressar tudo o que senti por tanto tempo e escondi de você,com medo que se afastasse,mas agora o medo passou.
E passou porque sei que independente do que você fizer,nada vai mudar.
Então deixei ali,marcado no papel o que estava marcado no coração.Cuspi palavra por palavra,até que eu finalmente pudesse me sentir aliviada.
E eu senti então o ar voltar a percorrer meus pulmões,a face corar,o Sol arder na minha pele.Eu voltei a vida,porque me libertei daquilo que quase me matou.O silêncio.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A última carta

 Já faz algum tempo que não escrevo nenhuma carta à você.Depois de tudo o que nos aconteceu,e de tantas coisas que guardei em meu peito em segredo,achei que era hora de você saber.
Por muitos dias senti a felicidade dominar minha vida,porque podia compartilhar tudo dela com você.Eram risos soltos e faceiros,risos bobos e costumeiros,porque eu era feliz,eu era.
E eu adorava quando você tirava uma mecha do cabelo da minha cara,e colocava atrás da orelha,olhando nos meus olhos.Eu sentia como se o mundo tivesse parado de girar,e que o tempo tivesse congelado,porque eu poderia ficar por horas viajando em teus olhos.
Me lembro bem daquele dia em que te fiz uma surpresa,começou a chover e você me puxava para que a gente não tomasse chuva.E você olhava pra mim,e me abraçava,e eu queria morrer ali,nos teus braços.E acho até que poderia mesmo morrer,eu já tinha conhecido o verdadeiro sentido da felicidade.
Mas então alguma coisa mudou para você,e tudo terminou entre nós.E por dias pensei que havia acabado o sentido da vida pra mim,porque você havia se tornado o motivo para que eu desejasse acordar todos os dias,para que eu desejasse permanecer respirando,amando,sorrindo.
Meus sorrisos,se tornaram raros,e no lugar dele as lágrimas apareciam.
Por dias me senti como se o mundo tivesse acabado,e eu estivesse perdida no vazio e no escuro.Eu me senti só,sabe?
É,e nem toda a dor se foi de verdade.
Por muitos dias desejei te ligar,e perguntar o que aconteceu que não poderíamos mais compartilhar nossos dias.Mas meu orgulho foi maior,e eu não liguei.Mas o seu orgulho também foi grande o suficiente,para que você não pensasse em me ligar,em dizer que estava tudo bem.
E durante muito tempo acreditei que o erro tinha sido meu,e que eu é quem deveria sentir culpa pelo fim.Mas na verdade,garoto,a culpa maior é sua por não querer tentar de novo.
Eu entreguei meu coração,eu entreguei meu amor à você,para que depois eu sentisse que nada mais fazia sentido.
Perdi noites chorando por não te ter ao meu lado,e dias também.Passei horas imaginando o que eu poderia ter feito de diferente para que tudo tivesse um final diferente do que tivemos.Mas você nem ao menos pensou nisso,não é menino?
Então escrevo esta carta apenas para dizer,que suportei seu mal-humor,suportei suas manias,suportei os dias em que não nos vimos,e suportei tudo isso calada.Hoje,não suporto mais.
Porque hoje eu não preciso suportar todos os seus defeitos,ou sorrir feito uma idiota com suas grandes qualidades,que se perderam em meio ao seu egocentrismo desenfreado.
E eu te desejo,de todo o meu coração,ou ao menos daquilo que restou dele,que ninguém faça com você,o que fez comigo.
Que ninguém deixe de atender seus telefonemas,que ninguém lhe deixe esperando,que ninguém lhe deixe angustiado,que ninguém lhe magoe.Porque você não faz idéia menino,do quanto dói entregar seu coração à alguém,e esse alguém lhe devolver em pedaços.
Um dia,menino,você saberá a dor que enfrentei,e quantos dias eu amargurei.E você vai entender como é sentir que seu mundo desabou,porque alguém que você ama,te deixou.

Deixar ir

Sei que preciso te deixar partir,mas não consigo.É que te manter perto de mim me traz um certo alívio,mesmo sabendo que este 'perto',nem é tão perto assim,na verdade.
Mas sei também,que na verdade tentei.E acredite,nunca imaginei que conseguiria chegar tão longe de te deixar ir,como eu cheguei.Mas cada vez que me imaginava tão distante de tudo o que nos tornava tão próximos,era como se meu coração batesse tão devagar,que aos poucos ia parando,desistindo,morrendo.
Então me tornei egoísta,e preferi te manter em cativeiro,bem aqui.No peito,tão dolorido e tristonho,mas nem me importo,porque tenho você bem aqui.
Decidi que era melhor torturar meu coração machucado,triturar em mil pedaços se fosse preciso,porque eu não queria e não conseguia te deixar partir.Nem mesmo que eu quisesse de verdade,eu não podia,não mesmo!É como se cada parte de mim estivesse inteiramente conectada à cada parte de você.Como se o seu sopro de ar no meu rosto,fosse o mesmo ar que percorre meus pulmões me deixando viva.É como se o calor do seu corpo,transpassasse nossa pele,e aquecesse o meu também,e de certa forma,aquecia.
Mas,por mais que eu te mantenha aqui,tão perto de mim,não posso mais compartilhar desse calor.Não posso sentir mais o sopro do ar no meu rosto,não posso.
Mas mesmo que doa,mesmo que machuque,eu quero te manter aqui.Porque manter cada lembrança viva daquilo que um dia me fez feliz,por mais dolorido que seja,é melhor do que não ter nada do que lembrar.
E não precisa se preocupar,meu coração já está bem machucado para que isso me incomode tanto.Eu me acostumei com a dor,e ela se acostumou à mim.
Sinto muito querido,sinto mesmo.Mas eu preciso te manter bem perto,aqui,porque não consigo te deixar ir,não sem mim.


quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

O amor queimou.


E então  comprimiu-se.Cada vez mais,até que não restou-lhe ar algum.Então sente-se sufocar,amargurado coração que não possui forças para lutar.
E então some-lhe a voz,e a lágrima escorre,percorre todo seu rosto até que toca seus lábios,antes doces,hoje amargurados.
Então chora pobre coração,sufoca pobre coração,morre pobre coração.
Ele se foi,e não há chances de retornar.A porta se fechou,e não vai tornar a deparar-se com aquele sorriso,que um dia fez-lhe o coração disparar.
A garganta dá um nó,teu quarto fica só o pó.Faz dias que nem se move,faz dias que nem dorme,teus olhos sentem o cansaço de chorar lágrimas intermináveis,pobre coração machucado.
Então deita-se,revira-se,e torna a cobrir-se com o lençol fino,que deixa a claridade bater em sua pele.Mas a luz não lhe incomoda,na verdade ela nem percebe,já que não pode sentir o calor sob sua pele.
O amor queimou,o amor a deixou insensível,o amor a matou.
Seca,queima,arde,escarna,sangra,rasga,chora,amargura,fere,corta,retalha,quebra,magoa,machuca,decepciona,entristece,esquece,chora,chora,chora.
É só isso que vem-lhe à cabeça,e é a vontade de gritar que mantém-na viva,mas a voz,ela também se foi.E a força,essa deixou-a ali,à beira morte,à sua própria sorte.

E não me telefone...

Eu não quero mais saber de promessas.Todas as que você me fez,até hoje não cumpriu.


-Como quais? - você me pergunta num tom de quem desafia


-A promessa de me proteger,de ser sempre meu,de me amar a vida toda,quais mais quer que eu lembre você?


-Não quebrei nada disso,é coisa da sua cabeça!


É,o problema sempre sou eu,ou a minha cabeça.Consultas no melhor analista,anti-depressivos caros,livros de auto-ajuda,é só o que você consegue fazer por nós?Fugir daquilo que realmente importa,jogando a culpa no amor que sinto por você,e na sua ausência de sentimentos?
Não querido,sentimentos não se vendem nos mercados ou mercearias.E quando eu for na livraria,comprar outro livro de auto-ajuda que você disse que resolveria nosso problema,não vou encontrar ao lado a fórmula mágica do amor,ou pra você me amar.
Não existem pílulas da felicidade,nem regras de como viver bem a vida,se o que mais me importa,prefere fechar os olhos para seus próprios problemas e colocar toda a culpa em mim.


-Não querido,não é coisa da minha cabeça!É coisa do seu coração!Aquele que você tem,e que deveria estar pulsando no peito,segundo por segundo,mas está morto!


Seu coração pulsa,não.Ele não vive mais,não para o amor.Você não sabe o que é amor,o que é afeição.Não sabe o cuidado que se deve ter ao lidar com o coração de outro alguém,que lhe entregou sem ao menos garantias de que ele vá sobreviver.
Você é seco,como as folhas que caem das árvores durante o Outono.É frio,como a neve que cai sobre os ombros ao chegar o duro inverno.Seus olhos não têm calor,seus lábios não têm calor,seus braços não têm calor.E ainda diz que o problema sou eu? Ora,vamos lá!É você quem está vazio de vida,e quer me tornar igual à você para que não se sinta tão culpado por não saber amar.
Não quero me tornar tão miserável quanto você,querido.Não quero me tornar esse ser vazio,frio,e solitário que é você.Não quero deixar meu coração sangrar em suas mãos,não quero matar o amor que resta em mim,não quero não.
Engula suas pílulas,decore seus mandamentos de felicidade,que estou partindo para bem longe da frieza dos seus abraços,querido.E não me telefone,pois vou deixar o telefone fora do gancho,não quero correr riscos de que sua voz suave me faça cair no seu conto de novo.
Não quero errar mais uma vez,ao cruzar sua estrada,e lhe entregar meu coração,só porque seu sorriso me encantou.


-Eu vou embora querido.E acho melhor você ligar para aquele analista que tanto disse que eu fosse visitar,talvez com o silêncio da sua mente,e do seu coração,você enlouqueça,e eu já não quero ficar aqui para ter que lhe cuidar.


terça-feira, 15 de dezembro de 2009


Fique à vontade,sirva-se.Não é preciso etiqueta,nem muitos modos para se alimentar do que restou de mim.Já sugou tudo aquilo que tinha de bom,já tirou o brilho do meu olhar,e agora o que resta em mim que lhe interessa?
Nem a vontade de viver,não,isso não me resta,porque você tirou isso de mim também.Quer saber quando?Foi quando feriu meu coração,tão gravemente,retalhando em pedaços tão pequenos,eu nem pude me curar.Nem tive tempo de dizer que tudo aquilo lhe pertencia,que não precisava tirar à força,eu lhe dei tudo isso de graça.
Eu lhe servi meu coração em bandeija de prata!Mas você cuspiu pedaço por pedaço num guardanapo de papel,descartável.
Então um gole da minha felicidade,mais outro,e mais outro,até que não existisse mais nenhuma gota para satisfazer um você sedento.
Sedento de ver que meus olhos morreram,que meu coração morreu,que eu morri.Mas não se surpreenda se eu te confessar,que morri agora.
É,morri agora porque durante um tempo,as feridas dolorosas que você fez questão de abrir sempre e que estavam prestes a se curar,fizeram com que eu me sentisse viva,de alguma forma.
As memórias,pode-se dizer.Por culpa delas,e pela dor que me causavam,que permaneci viva.
Mas então me deixei vencer pelo cansaço.Eu estou aqui me servindo de corpo,menos o coração,e alma,para você.A alma talvez não,mas o corpo já não me serve mais,se nada de bom habita em mim.
Então sirva-se,mais um gole da minha felicidade,e depois vá embora para nunca mais voltar.Feche a porta e apague as luzes,você não quer que a sua consciência venha lhe mostrar o estrago que fez,com alguém que lhe deu de graça,algo que você quis tomar,e que nunca precisou ser à força:o seu coração.


Minha boca têm apelo por mais um pouco do seu gosto.
Meus braços têm ausência pela falta do seu calor junto ao meu corpo.
A chuva caí lá fora e eu sinto como se chovesse na verdade,aqui dentro.
E chovem memórias,chovem lágrimas,chovem lembranças,chovem lágrimas,chovem saudades,restam lágrimas,resta o vazio.
E então a garganta dá um nó,daqueles bem dados,que é pra não sair nenhuma voz,nenhum som.Só pra me calar,pra que eu talvez desista de dizer tantas asneiras só pra te ver ralhar comigo,rir de mim.
Porque talvez seja só dessa forma,que eu possa sentir que você ainda se importa comigo,nem que seja só por um segundo.
E minhas mãos geladas permanecem tão inquietas,como se procurassem por algo que lhe está faltando.E na verdade,está sim.Faltam suas mãos junto das minhas,me aquecendo,me acariciando.Agora só estão se esquecendo,de como era bom o calor das nossas mãos juntas.
E então pego um chicletes,o de menta que é meu sabor preferido.Porque minha boca seca,pedindo um pouco da sua saliva,do seu gosto.Eu já não posso mais sentir,então mascaro com qualquer outro sabor que me distraia daquilo que eu nunca mais vou sentir.
Minha língua arde quando lembro do gosto do seu beijo.
Minhas narinas ardem quando lembro do cheiro gostoso do perfume no seu pescoço.
Ah,aqueles dedos que tiravam o cabelo do meu rosto,aquele toque suave,aquele toque caloroso,hoje não sinto mais.
Sinto apenas o frio do vento batendo em meu rosto,o ácido das lágrimas ao percorrê-lo,e aqueles dedos hoje não acariciam mais à mim.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A fórmula perfeita,o tempo.

É engraçado como as pessoas têm fórmulas prontas e soluções na ponta da língua para qualquer problema que seja.
Se você sente dor de cabeça,tome um analgésico,se está com baixa auto-estima,leia um livro de auto-ajuda que resolverá todos os seus problemas.Se está pobre jogue na mega-sena,e acredite que uma hora o prêmio será seu.
Melhor ainda,se você sofre de dor de amor não-correspondido,se o seu coração um dia foi ferido,deixe que o tempo irá apagar todas as suas feridas.
Mentira!E das mais deslavadas!O tempo não muda coisa alguma.Ele só torna uma ferida aberta,mais difícil de ser cicatrizada.Ele torna um amor não-correspondido,mais amargo à cada dia que passa.
O tempo não muda as situações,não muda os sentimentos.Pode ser que no começo,você tenha a ilusão de que a dor está diminuindo,que você está se recuperando,afinal.Mas aí de repente,as memórias vêm à tona,e parece que aquela dor que você acreditou por tanto tempo,que havia desaparecido,volta maior,mais forte à ponto de você não aguentar,e sufocar em si mesmo.
Ele apenas 'dá um tempo',para criar a ilusão reconfortante de que ele é capaz de aliviar tudo aquilo que lhe faz mal,para que você possa seguir em frente sem ter que sentir aquela dor lhe corroer todos os dias.
Mas ele te engana,te manipula,e faz com que você se sinta seguro novamente,para que cedo ou tarde,ele lhe tire o chão sob os pés,e você caia naquele abismo novamente.O tempo 'te dá um tempo',pra que você se sinta vivo novamente,só pelo prazer de ver seus olhos morrendo de dor,mais uma vez,e pouco à pouco.
O tempo não muda,o tempo não ameniza,ele apenas torna a vida mais difícil à cada dia,porque você vê que nem aquilo que acreditou que seria a solução dos seus problemas,pode resolver essa dor.
E então,qual seria a solução?Não existe,nada.Só o que você pode fazer,é lutar cada dia de sua vida,para que não deixe morrer em você seu coração,que mesmo machucado,continua batendo,todos os dias,a cada minuto.
Eu me acostumei com minha dor,mas não vou dizer que não a sinto,pois estaria mentindo,e seria apenas mais uma dizendo 'O tempo cura tudo'.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

E num impulso infantil queria dizer-lhe sobre tantas coisas,sobre como meu coração esteve machucado durante toda essa ausência,ou em como as coisas mudaram,em como amadureci.
Talvez eu quisesse dizer que estava pronta para tentar novamente,dar um novo final àquela velha história.
Mas então calo minha boca,com aquelas velhas ataduras,que um dia calaram minhas feridas.
Então me contorço como quem tenta expulsar aquela sensação de vazio que guarda dentro de si.
Não posso gritar,pois já gritei tanto que não tenho mais voz.Não posso correr,pois já fugi tanto do que sinto para amenizar a dor,que sinto minhas pernas doerem só de pensar.Não posso ao menos abraçar,pois atei meus dois braços bem juntos à mim,para me proteger do mundo lá fora,que todos os dias me mostra o quanto estou só quando não tenho você aqui.
Então me ato de todas as formas,me privo de todos os impulsos,infantis ou não,porque no fundo sei que não tenho mais novas ataduras para estancar o sangue das velhas feridas,todas já foram usadas.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Lista de desejos


Só queria que sua boca calasse a minha com um beijo,quando eu falasse besteiras.

Só queria que seus braços se cruzassem em torno do meu corpo,para me esquentar,quando eu estivesse morrendo de frio.
Só queria que seus olhos encontrassem os meus,quando eu estivesse chorando antes de uma despedida.
Só queria que você estendesse suas mãos,quando eu tropeçasse e caísse em qualquer buraco na rua.
Só queria que o som da sua voz,fosse a minha música,então eu não precisaria de nenhuma sinfônia,me bastaria tua voz.
Só queria que você me protegesse do medo que sinto de mim mesma ás vezes,por não conseguir entender o porquê de tanto medo.
Só queria que você evitasse as minhas lágrimas,ao invés de ser o causador de grande parte de todas elas.
Só queria que você fosse o remédio para as minhas dores,as ataduras de todas as minhas feridas,ao invés de machucar à mim cada vez mais,com tanto desprezo e palavras amargas.
Só queria que ao invés de ter que escrever tudo o que sinto,eu pudesse olhar em seus olhos e lhe dizer que ainda te amo,que ainda te quero.
Mas foi você quem fez com que toda a coragem que um dia existiu em mim,se esvaecesse quando você fez com que meu coração se partisse em mil.
Eu só queria que você voltasse pro lugar onde paramos,e mudasse o destino dos nossos laços todos,que você desatou,um por um.
Mas não posso mudar,porque minha lista de desejos se perdeu,junto do meu coração,quando você partiu.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009


Metade de nossos sorrisos são fingidos.
Metade do colorido,é preto & branco.
Metade de alegria,é a tristeza.
Metade de verdade,é a mágoa.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Era tanto tanto tanto amor...


Eu te amava tanto tanto tanto que queria saber do que você era feito.E eu não conseguia me contentar com suas respostas curtas e vagas

-Ora,eu sou feito da mesma coisa que você.Carne,osso,e alma.

Mas tinha algo mais em você que me encantava,e eu precisava te decifrar.Eu buscava cada dia mais saber então,de que era feito você,era como um mistério a ser solucionado.
Eu busquei tanto tanto tanto,e acabei encontrando a resposta,mas da forma errada.
Eu queria ver como você era por dentro,se era igual a mim.Não poderia ser,não mesmo.Você era diferente,eu sabia que não éramos iguais,nunca poderíamos ser iguais.
Então eu resolvi te abrir,mas me decepcionei.Só o que vi era sangue,muito sangue,seu coração pulsando,seus ossos todos.
Você era como eu.E eu achando que você poderia ser feito de algo mais do que carne,osso,e alma.
Alma?Eu procurei aquela caixinha que você me disse que existia,uma vez.Aquela onde você disse que guardava seu coração,para que um dia pudesse entregá-lo em segurança à mim.
O coração estava ali,mas e a caixinha?E a sua Alma que você dizia tanto que estava unida à mim para todo o sempre?
Todo o sempre? Mas que blablabla mais chato!Não quero você atado à mim para todo o sempre.Porque um dia eu enjôo,me canso e resolvo mudar tudo de novo.
Mas o que nunca mudava era essa sensação intrigante de que você era diferente.Muito diferente.
Eu abri você,só para saber como você era por dentro.Mas você também tinha um coração batendo no peito,pena que já estava atrofiado,e morreu.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Não era amor,era ficção.


Como um cristal,ele se partiu.
Tão frágil,tão vulnerável,se quebrou.
E não há formas de se juntarem todos os pedaços,e reconstruí-lo.
E então,o que você faz quando nada pode mudar o que aconteceu?
Qual é a solução quando,você quebrou algo que não tinha como calcular seu valor?
Então recolho os cacos que restaram no chão.
Então me olho no espelho,esperando me reconhecer,mas não.
Nada do que tenho aqui é como antes,não mais.
Eu pedi que você me segurasse,que não me deixasse cair nesse abismo de novo.
Mas eu caí,e por você.
Esperei então,que sua mão aparecesse,me oferecendo ajuda.
Eu tive medo do escuro,eu tive frio,você sabia?
Você sabe o que é cair num abismo,ser empurrado pra baixo,cada vez mais,e esperar alguém que te ajudasse,mas ninguém apareceu?
Sabe o que é a dor da solidão,quando não deveria se sentir assim?
Não,porque você nunca sentiu isso.
Não quando seu telefone tocava,e você não desejava atender.
Não quando uma mensagem chegava,e você fingia não ler.
Não quando dois braços se cruzavam para te proteger do frio,e você nem para retribuir o calor.
O calor.
Eles vinham de mim,e vinham de você.
Eu até me senti aquecida por um tempo,achava que era amor.
Mas as suas mentiras é que me aqueceram,pra que eu não soubesse o quanto eram frios os seus braços.
E o que restaram foram os ossos,daquele amor que me consumiu por inteiro.
Até que me matou.
O que restou foram as manchas de sangue nos lençóis velhos,o que restou foram várias costelas quebradas e um coração que parou de bater,parou de pulsar,parou de viver.Matou o amor.
Você o matou,sem dó,nem piedade.
Aliás,todo o tempo teve dó de mim,me escondeu a verdade.
Escondeu a verdade em seus braços,em seus olhos,em seus beijos.
Deixou que eu acreditasse na nossa história,mas era uma história de ficção,não de amor.
Ficção que eu acreditei tão veemente,que me deixei morrer,ser morta.
Deixei que você me afundasse naquele poço de mentiras,de mágoas.
Você nunca soube o que é sofrer por amor,sofrer por amar alguém tanto tanto tanto,que seria capaz de se deixar afundar num abismo por ele.
Você nunca soube o que era sentir a falta de alguém durante a noite,ou de um beijo,de um abraço.
Porque eu estava ali,sempre.
Mas eu sentia sua ausência,mesmo na sua presença.
Eu sentia você me olhar nos olhos,mas não era à mim que você buscava.
Sentia durante as noites,uma dor profunda no coração me fazer gritar,queria você comigo,mas não sentia nenhum som se formando.
Nada.
Nenhum som.Nenhum abraço.Nenhuma palavra.
Só o vazio.
E é assim que eu fico.
Depois que o cristal se quebrou,depois que você me deixou.
Depois que você disse,que sempre me amou.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

É só uma história de amor,mas sem finais felizes.


Então seus lábios tocaram os meus pela última vez.E eu pude sentir junto do gosto doce,e do toque delicado,uma certa urgência nos seus beijos,um calor maior nos seus abraços,e um coração se partindo debaixo daquela máscara de sobriedade e frieza que você escolheu vestir.

-Nos vemos mais tarde.

Me despedi,tentando não sentir dentro de mim aquela dor corroer.Eu sabia que não nos veríamos mais,nunca mais.Eu sabia que aquela seria a última vez que sentiria o gosto da sua boca,o calor dos seus abraços,ah!Aqueles abraços que eu gostava tanto!

-É,a gente vai se falando.

Seu rosto,eu já não conseguia decifrar sua expressão.Era medo?Era o gosto da liberdade tomando sua boca,no lugar do meu gosto?Era a vontade de ir embora sem olhar pra trás,e acreditar que não sentiria medo de errar?

Mas quem sentiu medo fui eu,e nem sei dizer o porque.Acho que era o medo da solidão,do escuro,do vazio.Medo de sentir frio,e já não ter mais seus abraços pra me aquecer.Ou o medo de precisar de uma dose de alucinação,e não ter nenhuma boca à que recorrer para um beijo urgente.
Então fiquei no vazio,na solidão,no frio,com a dor.Ela me aquecia,me esquecia,e me trazia à tona todos os dias.
Era ela que me encomodava no meio da noite,me desconcentrava,e me fazia chorar.Porque a saudade,ela dóia,mas a solidão doía mais,sempre dói mais.
Por alguns dias busquei ficar longe da lucidez,longe de mim.Porque eu sabia que quando eu racionalizava os sentimentos,nunca dava certo.Eu precisava pelo menos uma vez,aprender a sofrer,aprender a sentir.Precisei de um tombo,pra saber como se levanta sem alguém estender as mãos como apoio.

-Você poderia me ajudar a levantar,meu amor?

E pronto.Lá estava você todo solicito,me estendendo suas mãos,com aquele olhar confortador.E então me segurava,tão seguramente em seus braços,que parecia que o mundo não afetaria nossa bolha de amor perfeito.Não era perfeito.Nem sei em que parte deixou de ser,mas amor,sim,era amor com toda a certeza.
Pelo menos,da minha parte sempre foi,e acho que sempre será.Da sua já não sei,mas também não quero nem saber,só posso ter certeza da força e da intensidade daquilo que sinto,os outros...São apenas os outros.

-Você sempre precisa de mim,precisa aprender a se virar sozinha.

É,eu preciso.Eu estava tão acostumada a ter sempre você como meu salvador,que me esqueci de viver minha vida também.Acho que acabei vivendo por nós dois,ou deixei que você vivesse por mim.Talvez esse tenha sido o erro,ou não.

-É que eu sinto tanta segurança nos seus abraços!E eu também tenho medo do escuro meu amor,eu não gosto do escuro.E nem do frio sabe?

-E porque não gosta do frio,e nem da escuridão?

-É porque ele me lembra,que eu não tenho você comigo,e isso me dá medo.

-Mas eu não vou estar sempre contigo.

Era mentira.E da mais suja.Sempre está comigo,e sempre esteve quando eu precisei.Mas ainda sinto o medo da escuridão,e do frio,eu não gosto do frio.Porque por mais que você esteja sempre comigo,não é da mesma forma que antes,e isso dói,de certa forma.
Mas ao mesmo tempo,é reconfortante saber,porque as coisas simplesmente não viraram pó.Elas são as melhores lembranças,por mais que as vezes sejam doloridas,por causa da saudade.

E quando você me deu as costas,eu senti uma pontada no peito,pela certeza de que jamais veria aquele sorriso.Eu não sentiria sua boca tocando tão levemente a minha,e me beijando de novo.
Então,eu sussurrei pela última vez.

-Eu sempre vou te amar,garoto.

Eu sempre vou te amar.Não importa a forma,a intensidade,e o que isso vai mudar pra nós,mas eu sempre sempre sempre vou te amar.Até o dia em que meu coração parar de bater,e eu não puder mais respirar.