segunda-feira, 23 de novembro de 2009

É só uma história de amor,mas sem finais felizes.


Então seus lábios tocaram os meus pela última vez.E eu pude sentir junto do gosto doce,e do toque delicado,uma certa urgência nos seus beijos,um calor maior nos seus abraços,e um coração se partindo debaixo daquela máscara de sobriedade e frieza que você escolheu vestir.

-Nos vemos mais tarde.

Me despedi,tentando não sentir dentro de mim aquela dor corroer.Eu sabia que não nos veríamos mais,nunca mais.Eu sabia que aquela seria a última vez que sentiria o gosto da sua boca,o calor dos seus abraços,ah!Aqueles abraços que eu gostava tanto!

-É,a gente vai se falando.

Seu rosto,eu já não conseguia decifrar sua expressão.Era medo?Era o gosto da liberdade tomando sua boca,no lugar do meu gosto?Era a vontade de ir embora sem olhar pra trás,e acreditar que não sentiria medo de errar?

Mas quem sentiu medo fui eu,e nem sei dizer o porque.Acho que era o medo da solidão,do escuro,do vazio.Medo de sentir frio,e já não ter mais seus abraços pra me aquecer.Ou o medo de precisar de uma dose de alucinação,e não ter nenhuma boca à que recorrer para um beijo urgente.
Então fiquei no vazio,na solidão,no frio,com a dor.Ela me aquecia,me esquecia,e me trazia à tona todos os dias.
Era ela que me encomodava no meio da noite,me desconcentrava,e me fazia chorar.Porque a saudade,ela dóia,mas a solidão doía mais,sempre dói mais.
Por alguns dias busquei ficar longe da lucidez,longe de mim.Porque eu sabia que quando eu racionalizava os sentimentos,nunca dava certo.Eu precisava pelo menos uma vez,aprender a sofrer,aprender a sentir.Precisei de um tombo,pra saber como se levanta sem alguém estender as mãos como apoio.

-Você poderia me ajudar a levantar,meu amor?

E pronto.Lá estava você todo solicito,me estendendo suas mãos,com aquele olhar confortador.E então me segurava,tão seguramente em seus braços,que parecia que o mundo não afetaria nossa bolha de amor perfeito.Não era perfeito.Nem sei em que parte deixou de ser,mas amor,sim,era amor com toda a certeza.
Pelo menos,da minha parte sempre foi,e acho que sempre será.Da sua já não sei,mas também não quero nem saber,só posso ter certeza da força e da intensidade daquilo que sinto,os outros...São apenas os outros.

-Você sempre precisa de mim,precisa aprender a se virar sozinha.

É,eu preciso.Eu estava tão acostumada a ter sempre você como meu salvador,que me esqueci de viver minha vida também.Acho que acabei vivendo por nós dois,ou deixei que você vivesse por mim.Talvez esse tenha sido o erro,ou não.

-É que eu sinto tanta segurança nos seus abraços!E eu também tenho medo do escuro meu amor,eu não gosto do escuro.E nem do frio sabe?

-E porque não gosta do frio,e nem da escuridão?

-É porque ele me lembra,que eu não tenho você comigo,e isso me dá medo.

-Mas eu não vou estar sempre contigo.

Era mentira.E da mais suja.Sempre está comigo,e sempre esteve quando eu precisei.Mas ainda sinto o medo da escuridão,e do frio,eu não gosto do frio.Porque por mais que você esteja sempre comigo,não é da mesma forma que antes,e isso dói,de certa forma.
Mas ao mesmo tempo,é reconfortante saber,porque as coisas simplesmente não viraram pó.Elas são as melhores lembranças,por mais que as vezes sejam doloridas,por causa da saudade.

E quando você me deu as costas,eu senti uma pontada no peito,pela certeza de que jamais veria aquele sorriso.Eu não sentiria sua boca tocando tão levemente a minha,e me beijando de novo.
Então,eu sussurrei pela última vez.

-Eu sempre vou te amar,garoto.

Eu sempre vou te amar.Não importa a forma,a intensidade,e o que isso vai mudar pra nós,mas eu sempre sempre sempre vou te amar.Até o dia em que meu coração parar de bater,e eu não puder mais respirar.

1 Comentário:

.Gabriella. disse...

eu só tenho uma coisa a dizer!Lindo!

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